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Por que utilizamos álcool 70%?

Atualizado: 7 de mar. de 2022

Nós, cervejeiros e cervejeiras, estamos habituados a ter todo o cuidado com a limpeza e sanitização dos nossos equipamentos. Devido à atual situação com o COVID-19 no país, estes cuidados devem ser estendidos a nossa casa e nossa família diariamente.


Muitas pessoas já utilizavam álcool 70% para sanitização dos seus equipamentos cervejeiros. Quem possui este produto em casa, pode utilizá-lo em superfícies e objetos como agente antisséptico.


Mas por que utilizamos o álcool 70% e não nas demais concentrações?

O álcool com concentração de etanol maior ou menor que 70% (ou 77°GL) não possui a mesma proteção antisséptica que os álcoois 46°GL ou 96°GL, pois o álcool 70% atua na parede celular dos microrganismos, desestruturando as proteínas e lipídios que a revestem.

Pela presença de água (30%), o álcool 70% leva mais tempo para volatilizar, permitindo maior tempo de contato para destruir o microrganismo. Enquanto o álcool 96°GL volatiliza muito rapidamente, não sendo capaz de eliminar de forma eficiente o microrganismo, e o álcool 46°GL não possui concentração suficiente para antissepsia.


Popular entre os cervejeiros e as cervejeiras, o iodofor pode ser usado em substituição ao álcool 70% em superfícies e objetos, porém, sua forma de aplicação é diferente. A literatura nos mostra que, normalmente, ele é utilizado da seguinte forma: a solução de iodo (3,4mL de iodofor para 1 litro de água estéril declorada) é borrifada sobre a superfície previamente limpa, a superfície é esfregada com uma gaze esterilizada, e a solução é borrifada novamente. Desta forma, a superfície estará desinfetada.



Em relação à sanitização das mãos, independentemente de ter acesso ao álcool gel 70%, sempre lave bem as mãos com água e sabão/sabonete. O vírus, no caso do COVID-19, é envolto por uma camada de lipídios (gordura), logo, o sabão limpará estas gorduras, dissolvendo a camada viral.


Considerações importantes:

- Não elabore formulações caseiras! Além de não proteger da mesma forma que as formulações industrializadas ou farmacêuticas, podem potencializar a proliferação de microrganismos.

- Não utilize álcool combustível para higienização das mãos e superfícies, pois nele contém substâncias tóxicas, como o metanol.

- Para superfícies e pisos, também pode-se utilizar água sanitária diluída, seguindo as recomendações da embalagem.

Fontes:

Álcool gel x álcool líquido x elaboração caseira – 2020. Disponível em: <https://crfrs.org.br/noticias/alcool-gel-x-alcool-liquido-x-elaboracao-caseira>. Acesso em março de 2020.


Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool absoluto?, por Humberto Cunha – 2016. Disponível em: <https://foodsafetybrazil.org/afinal-por-que-o-alcool-70-e-mais-eficaz-como-bactericida-que-o-alcool-absoluto/>. Acesso em março de 2020.


SILVA, C. R. G., JORGE, A. O. C. Avaliação de desinfetantes de superfície utilizados em Odontologia. Pesquisa Odontológica Brasileira. São Paulo, v.16, n.2, abr./jun., 2002.

Iodophor, por Robert Arguello – 2015. Disponível em: < https://www.bayareamashers.org/wp-content/uploads/2015/02/Iodophor.pdf>. Acesso em março de 2020.


Sanitizando com iodofor ou ácido peracético, por Ricardo Rosa – 2009. Disponível em: < https://cervejarte.org/blog/2009/07/20/sanitizando-com-iodofor-ou-acido-peracetico/>. Acesso em março de 2020.

 

Cássia Ribeiro

Sommelière e tecnóloga cervejeira

Formada em Química Industrial pela UFRGS. Sommelière de Cervejas e Tecnóloga Cervejeira formada pelo ICB (Instituto da Cerveja Brasil).

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